12.3.08

O Cinema Fantástico

Parte 5:
A Consagração de Peter Jackson



Em 1986, Sigourney Weaver foi indicada como melhor atriz por ALIENS- O RESGATE, continuação de James Cameron de ALIENS - O OITAVO PASSAGEIRO, que ela mesma havia estrelado e sido esquecida para o prêmio. A fita concorreu a 6 OSCARs e no final só levou os óbvios Efeitos Sonoros e Visuais. Depois nenhum filme de fantasia foi indicado na década seguinte.

Curiosamente, foi nesse mesmo período que surgiu o filme de terror que mais levou OSCARs, O SILÊNCIO DOS INOCENTES. O filme de Jonathan Demme que imortalizou o cruel e impiedoso Hannibal "Canibal" Lecter, ganhou 5 OSCARs e justamente os mais importantes: Filme, Diretor, Ator (Anthony Hopkins), Atriz (Jodie Foster) e Roteiro Adaptado. Embora hoje seja classificado como terror, na época as pessoas não tiveram essa percepção. Não sabiam como identificá-lo, já que de certa forma criava um genero novo. Talvez por isso ganhou.

Os anos 90 chegaram e infelizmente os filmes de fantasia não os acompanharam devidamente. Os filmes de terror eram raros e de certa forma os de ficção também. Nesse período, somente GHOST e A BELA E A FERA, tiveram indicações. O Primeiro ganhou coadjuvante para Whoopi Goldberg e Roteiro Original e o segundo foi o primeiro desenho animado da história do cinema a ser indicado na categoria principal. Logicamente filmes importantes apareceram, como DRÁCULA DE BRAM STOKER de Coppola, a revolução digital O EXTERMINADOR DO FUTURO 2 e JURASSIC PARK, onde Spielberg mostrou que os dinossauros não estavam tão extintos como pensávamos.

Os filmes de fantasia voltaram à moda em 1996, graças ao sucesso de INDEPENDENCE DAY, sobre uma invasão alienígena e PÂNICO onde se brincava com os clichês dos filmes de terror. O auge da década foi em 1999. Onde Stephen Sommers recriou um clássico monstro da Universal em A MÚMIA, George Lucas voltou à sua ópera espacial em STAR WARS: A AMEAÇA FANTASMA, os irmãos Wachowski surpreenderam o mundo com MATRIX numa mistura de ficção e kung-fu e M. Night Shyamalan com seu garoto que vê gente morta em O SEXTO SENTIDO.

O novo milênio chegou e os filmes de fantasia continuam com seus altos e baixos. A trilogia de J. R. Tolkien, O SENHOR DOS ANÉIS, tida como obra literária máxima da fantasia, finalmente foi para os cinemas. A primeira parte, A SOCIEDADE DO ANEL recebeu 13 indicações e só ganhou 4: Fotografia, Maquiagem, Efeitos Especiais e Trilha Musical. Novamente levou apenas os técnicos. A segunda parte , AS DUAS TORRES recebeu 6 indicações sendo muito boicotada em algumas categorias (como Maquiagem por exemplo, que insistiu que o filme já havia sido premiado anteriormente, o que naturalmente é um absurdo!), dois quais só ganhou 2: Edição de Som e Efeitos Especiais.

E finalmente, depois de 75 anos de premiação, a consagração! Sucesso de crítica e público, O RETORNO DO REI recebeu 11 indicações e ganhou todos os Oscars pelo qual foi indicado: Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Trilha Musical, Canção, Montagem, Som, Maquiagem, Efeitos Especiais, Direção de Arte e Figurino. Igualou-se a TITANIC e BEN-HUR no recorde de prêmios da cerimônia. Foi o primeiro filme de fantasia da história do cinema a ganhar um OSCAR de melhor filme e bateu o recorde dO ÚLTIMO IMPERADOR no aproveitamento de indicações. (O filme de Bertollucci havia sido indicado em 9 categorias e ganho em todas). Têm mais: Das 30 indicações que a trilogia recebeu, levou 17 OSCARS, batendo o recorde que era da trilogia O PODEROSO CHEFÃO. Levou 3 OSCARS consecutivos de Efeitos Especiais (!) e foi a primeira vez, no OSCAR, que uma terceira parte ganhou. No fundo, com todos os méritos e justiça.

Apesar dos constantes sucessos de público e crítica, como foi comprovado ao longo dessas reportagens, isso não quer dizer que o gênero esteja sendo reconhecido pela Academia. Muitos chegaram a ser indicados, mas poucos foram os prêmios, mesmo com a incontestável qualidade de certas obras. A postura da Academia permanece extremamente conservadora a esse respeito. O que existe mesmo, é uma preferência por filmes dramáticos convencionais, talvez porque a grande maioria dos votantes sejam atores, que preferem grandes conflitos dramáticos em grandes personagens ao invés de efeitos visuais. Resta aos fãs continuarem a apreciar e amar seus filmes de fantasia e esperar que um dia a Academia largue sua postura ultrapassada e passe a amá-los também...

Reportagem e texto de Otávio Moulin e Rubens Ewald Filho

Nenhum comentário:

by TemplatesForYou
SoSuechtig,Burajiru